Posse do novo Guardião

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Cerimônia de Posse

O Guardião

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HOMENAGEM À JULIO DE CASTILHOS

HOMENAGEM À JULIO DE CASTILHOS

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Templo Positivista Homenageia Michel Maffesoli

Em novembro o templo positivista fará uma homenagem à este ícone da sociologia contemporânea. Um dos maiores intelectuais da Europa em passagem pelo Brasil. Michel Maffesoli (Graissessac, 14 de novembro de 1944) é um sociólogo francês, considerado como um dos fundadores da sociologia do quotidiano e conhecido por suas análises sobre a pós-modernidade, o imaginário e , sobretudo, pela popularização do conceito de tribo urbana.Antigo aluno de Gilbert Durand, é professor da Université de Paris-Descartes – Sorbonne. Michel Maffesoli construiu uma obra em torno da questão da ligação social comunitária e a prevalência do imaginário nas sociedades pós-modernas.É secretário geral do Centre de recherche sur l'imaginaire e membro do comitê científico de revistas internacionais, como Social Movement Studies[1] e Sociologia Internationalis.Recebeu o Grand Prix des Sciences Humaines da Academia Francesa em 1992 por seu trabalho La transfiguration du politique.É vice-presidente do Institut International de Sociologie (I.I.S.), fundado em 1893 por René Worms, e membro do Institut universitaire de France - I.U.F.[2]Índice1 Bibliografia2 Referências3 Ligações externas3.1 Artigos de Michel MaffesoliBibliografiaLogique de la domination, Paris, PUF. (1976)avec Pessin A. La violence fondatrice . Paris, Ed. Champ Urbain. (1978).La Violence totalitaire, Paris. PUF. (1979) Réed. (1994) La Violence totalitaire. Essai d’anthropologie politique. Paris, Méridiens/Klincksieck.La Conquête du présent. Pour une sociologie de la vie quotidienne. Paris, PUF. (1979)La Dynamique sociale. La société conflictuelle . Thèse d'Etat, Lille, Service des publications des thèses.(1981)L'Ombre de Dionysos (1982), Le Livre de Poche, rééd. 1991Essai sur la violence banale et fondatrice, (1984) Paris, Librairie Méridiens/Klincksieck.La Connaissance ordinaire. Précis de sociologie compréhensive. (1985), Paris, Librairie des Méridiens.La société est plusieurs, in : Une anthropologie des turbulences. Maffesoli M. (sous la direction de) (1985), Berg International Editeurs, 175-180..Le Temps des tribus (1988), Le Livre de Poche, 1991.Au creux des apparences. Pour une éthique de l'esthétique.(1990), Paris, Plon. Réed. (1993) Le Livre de Poche,La Transfiguration du politique (La Table Ronde, 1992), Le Livre de Poche, 1995.La Contemplation du monde (1993), Le Livre de Poche, 1996.Eloge de la raison sensible. Paris, Grasset.(1996)Du nomadisme. Vagabondages initiatiques. Paris, Le Livre de Poche, Biblio-Essais,(1997)La part du diable précis de subversion postmoderne, Flammarion (2002)Le rythme de vie - Variation sur l'imaginaire post-moderne, Paris, Ed. Table Ronde, Collection Contretemps, 2004, 260 pages.Pouvoir des hauts lieux (14p.) dans Pierre Delorme (dir.) La ville autrement, Ste-Foy, Ed. Presse de l'Université du Québec, 2005, 300 pages.Le réenchantement du monde - Morales, éthiques, déontologies, Paris, Ed. Table Ronde, 2007.Iconologies. Nos idol@tries postmodernes, Paris, Albin Michel, 2008.Après la modernité ? - La conquête du présent, La violence totalitaire, La logique de la domination, Paris, Editions du CNRS, coll. Compendium, 2008.La République des bons sentiments, Editions du Rocher, 2008.Referências Space and Culture Site do Institut universitaire de FranceLigações externasArtigos de Michel MaffesoliSur la postmodernité, site da Milivudes, 2003.Entrevista com Michel Maffesoli, Sens Public, 2006Imaginaire et plurialité, Esprit Critique, 2003.

Templo Positivista Recebe a Visita do Ministro Paolo Grossi

No dia 5 de junho recebemos a visita da comitiva do Ministro Italiano Paolo Grossi, que foi recebido pelo Sr. Afrânio Pedro Capelli, guardião abnegado do Templo da Religião da Humanidade, mais conhecido como Templo Positivista de Porto Alegre.Paolo Grossi é professor catedrático de História do direito medieval e moderno na Universidade de Florença na Itália e sempre foi um grande admirador desta doutrina. Sua vinda ao Brasil se deu por ocasião da outorga do título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Recebeu inúmeros títulos de destaque internacional, os quais o levaram a se tornar membro da Accademia Nazionale dei Lincei.Em 1972, Paolo Grossi fundou a revista 'Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno' e o 'Centro Studi sulla storia del pensiero giuridico'.A sua produção é marcada pela influência de nomes como Santi Romano, Giuseppe Capograssi, Francesco Calasso e Marc Bloch.Em 17 de fevereiro de 2009 foi nomeado Ministro da Corte Constitucional da República Italiana através de decreto assinado pelo Presidente italiano, Giorgio Napolitano.Paolo Grossi é citado como referência pelos maiores juristas do Velho Continente. Entre os historiadores do Direito brasileiro, influencia a obra de Antonio Carlos Wolkmer, Arno Dal Ri Júnior e José Reinaldo de Lima Lopes

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Homenagem Póstuma

Muy ilustres Confrades e Confreiras

No dia 24 de outubro de 1902 o Rio Grande perdia seu maior expoênte político: Júlio Prates de Castilhos.

Neste sábado dia 24/10, às 16h um grupo de positivistas prestará uma singela homenagem em frente ao seu Monumento Fúnebre, na cidade de Porto Alegre, cemitério da Santa Casa de Misericórdia.

Conclamamos à toda a comunidade que compareça para abrilhantar ainda mais este momento e render esta merecida homenagem.


Afrânio Pedro Capelli - Guardião do Templo Positivista

www.positivismors.blogspot.com

Obs. Segue abaixo uma matéria muito interessante sobre o tema.
Boa leitura !


A Segunda Morte de Júlio de Castilhos



O Sentido Social do Castilhismo

Em 24 de outubro de 1903, aos 43 anos, Júlio de Castilhos morria durante operação de câncer na garganta, realizada em sua residência, em Porto Alegre. O transcurso do primeiro centenário da morte do fundador da ordem republicana que regeu ferreamente a vida do Rio Grande por mais de três décadas apenas exacerbou a criticaria lançada nos últimos anos contra ele e o Estado que fundou.

A grande mídia, obras literárias, ensaios, etc., de pretensões historiográficas e revisionistas centram-se sobretudo na denúncia do caráter ditatorial do Estado republicano sulino, comandado por Júlio de Castilhos e, após sua morte, em 1903, por Borges de Medeiros, até 1928, e na apologia direta e indireta dos políticos e movimentos das elites que se opuseram frontalmente a eles.

A ascensão do castilhismo-borgismo não significou o assalto ao poder rio-grandense por homens sedentos de poder, como propõem explicações simplistas, de cunho liberal, conservador e idealista. Não representou igualmente a consolidação de bloco político revolucionário, como sugeriram interpretações apologéticas daqueles sucessos.

Antes de 1889, os republicanos, mantidos no ostracismo pelo regime eleitoral censitário imperial, defendiam projeto reformista-conservador para o Rio Grande. O golpe militar republicano de 15 de novembro pôs abaixo a monarquia e o governo liberal recém-eleito, permitindo que os republicanos se mantivessem no governo, inicialmente apoiados pelo governo central, temeroso de revanchismo liberal-monárquico. Os liberais sulinos dominavam a política provincial sulina em nome dos interesses pastoris.

Primeiros tempos

Com o poder regional nas mãos, os republicanos terminaram interpretando forças sociais proprietárias em ascensão nas últimas décadas da monarquia, mantidas em geral à margem da gestão política da província. Esse processo permitiu-lhes assumir conteúdo político e, sobretudo, conquistar base social e eleitoral que jamais haviam possuído antes de 1889.

Na segunda metade do século 19, setores urbanos e rurais – economia colonial da Serra; agricultura capitalista do litoral e da Depressão Central; manufaturas e indústrias de Porto Alegre, da Serra e do Litoral; etc. – arrebataram a hegemonia econômica ao latifúndio do meridião do Rio Grande do Sul, que mantivera porém ferreamente o controle político provincial.

O crescimento econômico mais acelerado do setentrião em relação ao meridião determinara desigual expansão demográfica. Em 1920, os municípios dos vales do Taquari e do Caí, no norte do RS, possuíam uns 25 habitantes por km². A população dos municípios da fronteira sul e oeste não superavam os cinco habitantes por km². A nova distribuição populacional teve profundas conseqüências na reorganização republicana do poder regional.

Nos fins do Império, a economia exportadora sulina ingressara na estagnação, explicada pelos republicanos como resultado do esgotamento de padrão de crescimento atrelado quase exclusivamente à produção pastoril-charqueadora que vendia charque e couro sobretudo para as demais províncias brasileiras.

Os de cima e os de baixo

Na época, o novo e frágil Partido Republicano Rio-grandense propunha a diversificação da produção, assentada no mercado regional, que garantisse crescentemente a autonomia do Rio Grande. Nos fatos, o PRR propunha a potenciação da produção e reprodução capitalista, através da ampliação do mercado regional.

Após a proclamação da República, comerciantes, criadores serranos, exportadores, financistas, industrialistas, plantadores, proprietários coloniais, etc., em geral sem representação política institucional, aderiram ao projeto do PRR, já que a interpretava suas necessidades.

As políticas aduaneira e tributária e os importantes investimentos efetuados pelos republicanos na ampliação dos meios de comunicação – ferroviários, rodoviários, fluviais, lacustres e portuários – expressaram claramente a opção pela extensão e generalização dos espaços de produção, de circulação e de realização capitalista no Estado.

Foi também significativa a adesão de setores médios urbanos, interessados na proposta de qualificação e de expansão da intervenção do Estado. Sobretudo em relação ao regime liberal-latifundiário, o programa republicano abria espaços relativos e subalternizados de expressão e de realização às classes plebéias e operárias.

Novo Rio Grande

No Sul, ao contrário de outras regiões do Brasil, a proclamação da República garantiu a transição do controle do poder político regional das mãos dos interesses pastoris para as do novo bloco social, mais amplo e diversificado. O novo regime eleitoral republicano ensejou que o Norte mais populoso vergasse um Sul despovoado em pleitos em que a trapaça era regra e não exceção.

Em Júlio de Castilhos e sua época, o historiador Sérgio da Costa Franco, pioneiro na definição do sentido social e político da ordem republicana, lembra que, apesar da chegada dos castilhistas ao poder não ter significado a mudança radical de uma classe social por uma outra, determinou uma clara promoção de grupos sociais que estavam até então à margem do poder.

A política de diversificação e autonomia econômica, através do apoio à policultura, à agricultura capitalista, ao artesanato, à manufatura, à indústria, ao comercio etc., do novo regime interpretava as necessidades dos setores sociais mais dinâmicos, sobretudo no nordeste do RS.

A proposta de equilíbrio orçamentário, um dos dogmas da doutrina governamental comtiana, correspondia às necessidades de produção mercantil simples que se ampliava através da extensão de sua área de atuação, permitido pelo crescimento do mercado regional e nacional garantido sobretudo pela melhoria dos transportes.

Visão diversa

O castilhismo-borgismo não possuía antagonismos estruturais com a produção latifundiária, à qual propôs opções modernizadoras. Porém, a economia pastoril-charqueadora exigia abatimento das barreiras alfandegária e desinteressava-se da ampliação do mercado regional, ao vender seus produtos no exterior do Rio Grande.

Nos primeiros anos da República, os federalistas – sucessores políticos dos liberais – viam os investimentos em obras infra-estruturais nas quais não estavam diretamente interessados como desvio das rendas públicas de seu destino natural, ou seja, a satisfação das necessidades e dos interesses pastoris-charqueadores.

Os federalistas opunham-se também ao protecionismo castilhista-borgista da produção regional, realizado através da repressão ao contrabando de mercadorias do Prata que interessava à produção pastoril-charqueadora, pois barateava os meios de subsistência de seus trabalhadores. O contrabando deprimia as rendas do Estado e a produção sulina, sobretudo serrana, restringindo o mercado regional.

À medida que o PRR expressou mais e mais o novo bloco social, em contradição com a economia pastoril, republicanos históricos, positivistas ou não, ligados direta ou indiretamente ao latifúndio, aderiram à oposição, acusando o castilhismo-borgismo de ditatorial. Republicano histórico, Joaquim Francisco de Assis Brasil foi o principal expoente desse movimento, tornando-se o maior líder ruralista gaúcho.

Pouca força

Os federalistas e republicanos dissidentes conquistaram poder regional em novembro de 1891, quando da queda do marechal Deodoro da Fonseca, mas foram facilmente defenestrados do governo pelos castilhistas, em junho de 1892. A fragilidade do Governicho, que se apoiou igualmente na violência, comprova a perda de dinamismo social e político do bloco liberal-pastoril. A capacidade do PRR de manter-se no poder não se devia à repressão ditatorial, mas sobretudo à coesão das forças sociais que apoiavam seu projeto.

O resultado do confronto entre republicanos e federalistas, em 1893-5, e borgistas e assisistas, em 1923, não era indiferente às classes trabalhadoras. A vitória do projeto modernizador dos republicanos, ainda que conservador, significou um maior espaço relativo de realização econômica e intervenção social e política para as classes subalternas.

Porém, na República Velha, as classes trabalhadoras, frágeis, inexperientes e dispersas, não conseguiram expressar em forma clara e permanente projeto político e social autônomo. Nesse relativo, chimangos e maragatos convergiam na necessidade de manter na submissão as classes populares sulinas.

A historiografia sul-rio-grandense explicou tradicionalmente o centralismo e o autoritarismo castilhista-borgista como decorrências da adesão ao credo comtiano. Ao contrário, é necessário definir os interesses sociais e econômicos que levaram à adoção dessa filosofia como principal expressão cultural do republicanismo sulino.

A revolução conservadora

Os castilhistas-borgistas compreendiam-se como defensores do Estado republicano e da autonomia regional federalista obtidos através da derrota das forças monárquicas em 1889. Viam-se como intérpretes da ciência, do progresso e da civilização contra os resquícios da monarquia escravocrata.

O autoritarismo castilhista não foi um exotismo ideológico. A ditadura científica positiva permitiu que a nova ordem mantivesse afastados do poder os fortes interesses oligárquicos, impulsionando as transformações econômicas e sociais capitalista em curso, sem diminuir o controle sobre as classes trabalhadoras.

O castilhismo fundou o moderno Estado gaúcho; ampliou a produção, a circulação e a realização de mercadorias; combateu as supervivências pré-capitalistas sobretudo na produção latifundiária. A economia pastoril mercantil extensiva apoiava-se na renda da terra, possuía ampla esfera de produção natural e praticava formas não-capitalista de assalariamento, o que lhe determinava frágil expansão demográfica, escasso consumo e baixa taxa de acumulação.

O castilhismo-borgismo limitou a apropriação das terras públicas do norte do Estado pelos latifundiários; taxou a transmissão da propriedade, os imóveis rurais, a propriedade da terra; cobrou a dívida colonial; investiu nos meios de transportes e na educação; apoiou a policultura, a agricultura capitalista, a manufatura e a indústria.

Programa modernizador

Quando a melhoria da produção, circulação e realização capitalista sulina exigiu, expropriou capitais privados, sobretudo internacionais, renegando sem pruridos o axioma comtiano de realismo orçamentário, ao contrair importante dívida pública, para passar ao controle do Estado a rede ferroviária e portuária sulina explorada em forma predatória por capitais estrangeiros.

O castilhismo-borgismo opôs-se ao antigo bloco dominante hegemônico, interpretou os segmentos proprietários ascendentes e exerceu sua dominação sobre as classes subalternas, do campo e da cidade, expressando assim a sua essência elitista e seu programa pró-capitalista de ordem no progresso. Em 1893-5, a violência da Guerra Federalista – dez mil mortos em população regional de um milhão de habitantes –, registrou a tentativa dos sectores pastoris de reconquistarem o poder, e não um surto de barbarismo mal-explicado como tradicionalmente se propõe.

Do resultado da Revolução Federalista dependeu a orientação da história gaúcha. Se os federalistas tivessem vencido, a colonização teria sido interrompida; o contrabando, liberalizado; as rendas estatais, empregadas na defesa dos interesses pastoris. A vitória dos pica-paus impediu que o Rio Grande se transformasse, no melhor dos casos, em um Uruguai falando português ou, no pior, em um imenso Bagé!

Em 1893-5, os republicanos acusaram os federalistas de monarquistas, restauradores e separatistas. É mais correto propor que as simpatias monarquistas eram fortes entre eles. Entretanto, após a morte de Pedro II, os federalistas compreenderam a impossibilidade da restauração da monarquia. Mais ainda, entre suas filas encontravam-se republicanos dissidentes, em geral grandes fazendeiros da Campanha.

A volta do rei

Sentimentos separatistas eram compartilhados por chefes rebeldes, sem que se transformassem em políticas ou ações concretas. O ideário federalista organizava-se em torno do anticastilhismo, denunciado como regime despótico e antiliberal. As reivindicações federalistas de mais democracia referiam-se exclusivamente às elites.

Porém, uma vitória federalista em 1893-5 colocaria em discussão a união do Rio Grande com o resto do Brasil. Seria difícil a acomodação do parlamentarismo e do centralismo dos maragatos com o presidencialismo e o federalista republicano nacional. A economia pastoril da Campanha prescindia do norte do Estado e articulava-se intimamente com o norte do Uruguai. Não seria antipática aos chefes federalistas a separação da Campanha do RS e uma eventual adesão ao Uruguai.

Uma linha invisível passava por Uruguaiana, Alegrete, Santa Maria, Rio Pardo e Porto Alegre dividindo o Estado em duas regiões com organizações crescentemente díspares. Os líderes pastoris sabiam que podiam controlar a Campanha e, até mesmo, as Missões, mas que as elites da Serra, Depressão Central, Planalto Médio e Alto Uruguai se oporiam sem quartel ao domínio liberal-pastoril.

Em 1896-5, a defesa de projetos econômico-sociais diversos dos federalistas e republicanos expressou-se igualmente na organização, nas táticas e nos armamentos dos exércitos antagônicos. Formadas por fazendeiros e seus peões e agregados, as tropas maragatas estavam precariamente armadas, dependendo das cavalhadas para a locomoção.

Guerra e sociedade

A unidade básica federalista era o fogão, cinco a oito homens – a força de trabalho de uma fazenda –, que se alimentavam, acampavam e combatiam juntos. Os republicanos possuíam tropas militares modernas, formadas em boa parte por soldados, suboficiais e oficiais profissionais, que se serviam das ferrovias para locomoverem-se e conheciam divisão e especialização de funções – infantaria, cavalaria, artilharia, intendência, etc.

O grande limite da modernização castilhista foi sua negativa de pôr fim ao latifúndio, tarefa imprescindível ao desenvolvimento da produção agrícola, manufatureira e industrial, que esbarrava no acanhado mercado e na baixa taxa de acumulação sulina. A consolidação da autonomia sonhada pelos filhos de Comte exigia mercado consumidor regional forte e em expansão.

A expropriação do latifúndio era programa que se encontrava além dos mais avançados sonhos modernizadores do castilhismo-borgismo. A sua realização necessitava mobilização das classes trabalhadoras do campo, de conseqüências e desdobramentos inaceitáveis aos republicanos. A democratização da terra restringiu-se ao apoio republicano à expansão da propriedade colonial no norte do Estado.

A luta entre o projeto modernizador castilhista-borgista e a manutenção do status quo liberal-latifundiário deu-se também no terreno simbólico. Na segunda metade do século 19, o Partido Liberal reivindicara o ideário farrapo, apesar de abandonar a luta republicana e separatista. Mantivera-se portanto muito forte a identificação entre o movimento farroupilha, os criadores e a Campanha.

Luta simbólica

O PRR resgatou a saga farroupilha, sobretudo no que dizia respeito ao republicanismo e a autonomia regional, propondo-a como ideário de toda a população sulina. Quando da primeira constituinte regional, os republicanos adotaram o “pavilhão tricolor da malograda República Rio-Grandense” e votaram a elevação de “monumento à memória de Bento Gonçalves e de seus gloriosos companheiros [...]“.

A solução dos confrontos militares de 1893-5 e 1923 e a consolidação da ordem castilhista-borgista significaram indiscutivelmente a vitória da cidade sobre o campo, da modernidade capitalista sobre o arcaísmo do latifúndio. Porém, paradoxalmente, no relativo às representações simbólicas, os grandes fazendeiros sobrepuseram-se aos republicanos das cidades.

Após o fim do Estado Novo, os interesses pastoris, relegados a um segundo plano político e econômico, reforçaram a identificação da Revolta Farroupilha ao ideário pastoril-latifundiário, através de movimento tradicionalista e seus Centros de Tradição Gaúcha – CTG. A modernização castilhista do movimento farrapo naufragou por falta de conteúdo histórico.

A incessante campanha contra o castilhismo-borgismo dos últimos anos assume claro caráter liberal-conservador. Esse movimento desenvolve-se sobretudo através da apologia dos grandes líderes federalistas e libertadores – Gaspar Silveira Martins, Gumercindo Saraiva, Assis Brasil, etc. – e da execração dos próceres republicanos – Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, etc. São claras as razões dessa operação ideológica, que tem exemplo excelente no ensaio de Décio Freitas sobre Júlio de Castilhos – O homem que inventou a ditadura no Brasil.

Campanha anti-republicana

Em nome dos interesses gerais, o castilhismo-borgismo implementou a modernização do Rio Grande apoiada no desenvolvimento da produção e do mercado interno, tendo inclusive promovido o intervencionismo do Estado na economia e a expropriado do grande capital internacional. Na construção de sua proposta de um Rio Grande autônomo, ampliou fortemente o aparelho do Estado e sua intervenção reguladora, organizadora e distributiva, invertendo o minimalismo estatal, o liberalismo social extremado, e o não intervencionismo econômico dos liberais-federalistas-libertadores.

O castilhismo-borgismo pensou e pautou grande parte de sua ação política no positivismo comtiano. Apesar do conteúdo conservador dessa corrente, o procedimento republicano contradita profundamente a atual defesa liberal de pragmatismo político-social e fim dos projetos racionais e conscientes de organização social e econômica.

A construção do Rio Grande moderno foi em grande parte obra do castilhismo-borgismo. Sobretudo no subconsciente da classe média regional subsiste avaliação positiva da ação, das obras, dos serviços, da administração honesta e econômica, etc. por ele promovida. São tempos ainda vistos como uma espécie de idade de ouro gaúcha.

Campanha anti-republicana

O trabalhismo getulista e brizolista foi herdeiro político e orgânico do castilhismo-borgismo. Nas últimas décadas, ele vem perdendo força para nova proposta político-social que, ao abandonar suas raízes sindicalistas e anti-capitalistas originais, retomou o ideário do bom governo e da paz social da república positivista, com inegável apoio das classes médias sulinas.

A defesa das velhas lideranças liberais-latifundiárias da República Velha e a critiquice incondicional do castilhismo-borgismo não são operação cultural inocente. Ao contrário, constituem execração do direito e da obrigação do Estado de intervir em favor do desenvolvimento social e da apologia indireta das propostas neo-liberais de internacionalização da economia e da sociedade.

Ao voltar à liça desfraldando as velhas bandeiras do liberalismo e da grande propriedade, os maragatos do novo milênio constrangem-se apenas em envergar aquele que foi a mais querida marca material de seus ancestrais sociais e ideológicos, já que ela constitui hoje o símbolo de tudo que abominam e daqueles que combatem – o orgulhoso lenço vermelho que, negando-se a aceitar qualquer derrota, retorna sempre bizarro ao combate.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Prezado Confrade

Prezado Confrade
Com muita alegria estamos lhe enviando a primeira edição do jornal
" A ORDEM " , veículo de divulgação do Templo Positivista de Porto Alegre.

www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?uid=12478572041534128052&pid=1255110906459&aid=1$pid=1255110906459

www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?uid=12478572041534128052&pid=1255110906459&aid=1$pid=1255110883009

Desejamos uma boa leitura e contamos com sua colaboração mandando
artigos e fotos sobre esta doutrina social, política e religiosa que tanto
alavancou o desenvolvimento de nosso país nos últimos séculos.
Aproveitamos para convidar à todos para as palestras e visitações ao
Templo Positivista de Porto Alegre, que fica na Av João Pessoa, 1058,
sempre aos Domingos, das 10h às 13h.
Saúde e Fraternidade

Afranio Pedro Capelli - Guardião do Templo
www.positivismors.blogspot.com
(51) 3226.3182

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Homenagem ao Patriarca Julio de Castilhos

Homenagem ao Patriarca Julio de Castilhos

No dia 29 de junho comemoramos o nascimento do
maior expoente da política riograndense, Julio de Castilhos.
Para marcar esta data um grupo de positivistas gaúchos,
se reunirá no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia
nesta Segunda-feira às 15h para prestar uma homenagem
ao "Patriarca".
Extendemos o convite a todos os simpatizantes deste lider
maior e de seu legado.

Atenciosamente
Diretoria da Associação Positivista de Porto Alegre
positivismors@gmail.com
positivismors.blogspot.com

sábado, 6 de junho de 2009

ao Mestre Mozart Pereira Soares

Por Alcy Cheuiche

Na terra vermelha de Palmeira das Missões nasceu um dos homens mais preciosos que o Brasil possuía. E nela repousa agora, depois de encantar a terra em noventa e um anos de vida. O conhecimento individual, na era das especializações, é cada vez mais limitado. Vai longe o tempo em que um único ser humano era depositário de extensões imensas de sabedoria. Temos que recuar mais de dois milênios para encontrar o modelo de Mozart Pereira Soares. Aristóteles, que foi capaz de entender o funcionamento do organismo humano, dos animais e das plantas, e de especular sobre a origem e o destino de todos os seres vivos, despertou naquele jovem estudante de Medicina Veterinária a ânsia do conhecimento universal. E quando, no ano de 1954, defendeu sua tese de Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parece que defendia também o direito de recuar no tempo para enxergar mais longe e melhor. Concepções Anatômicas e Fisiológicas de Aristóteles recebeu nota máxima da banca examinadora e revelou ao meio acadêmico brasileiro uma nova estrela das ciências médicas. Antes disso, como conta em sua trilogia A Restauração da Manhã, composta dos livros de memórias Pastoral Missio- neira, Tempo de Piá e Meu Verde Morro, o menino Mozart teve que vencer a pobreza, que Saint-Exupéry considerava o maior de todos os obstáculos para o sucesso humano. Descrita por ele mesmo em palavras simples: Ainda vim a conhecer o galpão velho em que nasci, mal arrimado em seis esteios cambembes, rodeado de costaneiras de pinho, cheio de frinchas por onde o vento miava. Na névoa dessas lembranças surge o meu pai, que eu via de bigode ruivo, carão vermelho e peito suado, trabalhando, criando as coisas que se espalhavam à roda de nós, sobre a terra. A mesma terra vermelha que está amontoada ao lado do buraco cavado à pá, onde pediu para ser colocado o seu corpo sem vida. No lugar onde nasceu, no dia 29 de março de 1915, vai repousar o Mestre que nos deixou no dia 11 de dezembro de 2006. Plantado no campo como uma das muitas árvores que cultivou. No meio ambiente despido de poluição que conservou como ecologista, um dos pioneiros dessa militância ao lado de José Lutzenberger. Próximo a uma escola agrícola, outra de suas paixões, o túmulo será vizinho do pinheiro de trezentos anos, que ele apresentava com orgulho aos visitantes, e da casa que foi seu refúgio, onde será construída uma biblioteca para abrigar os milhares de livros que ele leu e guardou. Um túmulo pastoral, digno de um sábio. Onde cada manhã será res- taurada pelo perfume da brisa e o canto dos sabiás. Mozart Pereira Soares, que aprendeu a ler nos jornais que vendia nas ruas de Palmeira das Missões, tem hoje na cidade missioneira um magnífico Centro Cultural com o seu nome. Cientista e artista conhecido e admirado em todo o país, nos deixa duas cadeiras vagas: uma na Academia Brasileira de Medicina Veterinária, com sede no Rio de Janeiro, e outra na Academia Rio-Grandense de Letras, em Porto Alegre. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul conquistou dois diplomas de graduação: o de Médico-Veterinário, em 1943, e o de Advogado, em 1986, aos 71 anos de idade. Nesse meio tempo, como Professor Catedrático de Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos, deixou sua marca em milhares de alunos, foi Diretor da Faculdade de Agronomia e Veterinária, Membro do Conselho Universitário e Reitor pro tempore da mesma Universidade que o iria destacar, em 1999 com o título de Professor Emérito. Na Universidade de Santa Maria, indicado pelo Prêmio Nobel Bernardo Houssay, de quem tinha sido aluno em Buenos Aires, foi o primeiro Professor de Fisiologia da Faculdade de Medicina, uma façanha digna de um veterinário de notório saber. Saber idêntico iluminava o homem de letras, detentor de muitas distinções literárias, como a Medalha Simões Lopes Neto, escritor que conhecia a fundo e sobre o qual nos deixou um ensaio magnífico: Aspectos sensoriais em Lendas do Sul. Erico Verissimo, que nasceu na cidade vizinha de Cruz Alta, escolheu Mozart Pereira Soares para prefaciar a mais famosa de suas obras, O Tempo e o Vento. Ivan Lins elogiou seus livros em prosa e verso, o identificando como possuidor de uma daquelas almas sonoras, a que se referia Eça de Queiroz, nas quais vibra, em resumo, toda a vida que as cerca. O livro/poema que escreveu sobre o Papa João XXIII, Adaga Flor, é obra de referência ética e estética. Erva Cancheada revelou ao Rio Grande do Sul e ao Brasil o belo folclore dos ervateiros, dos artífices do chimarrão. E para quem quiser conhecer um esboço abrangente de toda a obra escrita do nosso Mestre, recomendo o livro de Antonio Hohlfeldt, Saber Universitário com Gosto Campeiro que tive a honra de prefaciar na primavera de 1997: De tanto ver triunfarem as nulidades, como dizia Ruy, muitos até duvidam que existam ainda hoje seres humanos enciclopédicos como Mozart Pereira Soares. Intelectuais famintos de saber que conheçam e dissertem com a mesma profundidade sobre a história dos homens, a vida dos animais, o cultivo das plantas, a idade das pedras e a pureza das águas. Aqui perto deste túmulo campeiro, junto ao qual acabo de dizer algumas palavras de despedida, está aquela nascente onde Mozart bebia com as mãos em concha, desde a mais remota infância. Um lugar mágico onde ele levou a esposa Terezinha Beltrão Soares, seu primeiro e único amor, a beber com ele em muitos e muitos anos de vida, e onde chorou sua morte em janeiro de 2004. O olho d’água que é o ponto de partida, como dizia Emil Ludwig, dos seres humanos e dos rios. Algumas dessas nascentes somem debaixo da terra depois de alguns poucos passos, outras se transformam apenas em poços ou pequenas lagoas. Raras são as que formam rios capazes de chegarem ao oceano. Como esta de Mozart Pereira Soares, um ser humano que atingiu as maiores profundidades sem deixar de ser sempre límpido e cristalino. Um cérebro poderoso a serviço do bem.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A RELIGIÃO DA HUMANIDADE

Positivismos "religioso" e "filosófico"
À semelhança das demais religiões, a Religião da Humanidade tem dogma, culto e regime, templos e capelas; sacramentos,sacerdotes e assim por diante. Todavia, uma particularidade distingue-a radicalmente: ela é uma religião "positiva" ou "científica", no sentido de que não venera um ser superior sobrenatural. Assim sendo pode-se classificar a Religião da Humanidade como monista e naturalista. Nela não há espaço para o sobrenatural , pois todos os fenômenos tem origem e causa na natureza.

A Religião da Humanidade foi criada por Comte a partir de sua busca por uma espiritualidade plenamente humana, adaptada a uma época em que o ser humano pode viver esclarecido pela ciência, com uma atividade prática totalmente pacífica e baseada no altruísmo.

Entre 1830 e 1842 Comte publicou seu Sistema de Filosofia Positiva, em que repassou os principais resultados científicos de sua época, sistematizando-os e elaborando uma Filosofia da História e uma Filosofia da Ciência, assim, como, principalmente, criou a Sociologia. Após esse esforço, publicou entre 1851 e 1854 o Sistema de Política Positiva, em que se baseou nos principais resultados do Sistema de Filosofia mas deu um passo além, ao lançar as bases da nova espiritualidade a que nos referimos acima.

Devido ao linguajar empregado nessa nova obra - bem menos impessoal - e devido às referências a Clotilde de Vaux (sua esposa subjetiva e inspiradora), muitos pensadores afastaram-se do Positivismo, aceitando apenas sua obra "filosófica" ou "científica". Todavia, o próprio Comte sempre afirmou que os "verdadeiros positivistas são os religiosos", enquanto os outros são "positivistas incompletos". Seguem-se as próprias considerações de Auguste Comte a este respeito:

"O nome religião não apresenta, pela sua etimologia, nenhuma solidariedade necessária com as opiniões quaisquer que possam ser empregadas para atingir o fim que ele designa. Em si mesmo, este vocábulo indica o estado de completa unidade que distingue nossa existência, ao mesmo tempo pessoal e social, quando todas as suas partes, tanto morais como físicas, convergem habitualmente para um destino comum. Assim, este termo seria equivalente à palavra síntese, se esta não estivesse, segundo um uso quase universal, limitado hoje ao domínio só do espírito, ao passo que a outra compreende o conjunto dos atributos humanos. A religião consiste, pois, em regular cada natureza individual e em congregar todas as individualidades; o que constitui apenas dois casos distintos de um problema único. Visto que todo homem difere sucessivamente de si mesmo tanto quanto difere simultaneamente dos outros; de maneira que a fixidez e a comunidade seguem leis idênticas (“regular e congregar exigem necessariamente as mesmas condições fundamentais. A diversidade dos indivíduos não ultrapassa a dos estados sucessivos de cada espírito, de conformidade com o conjunto de suas dependências, exteriores e interiores. Toda doutrina própria para regular plenamente um só entendimento torna-se capaz de congregar gradualmente os outros cérebros, cujo número só pode influenciar na rapidez desse concurso. Este critério natural constituiu sempre a fonte secreta da confiança involuntária dos diversos renovadores filosóficos no ascendente social de todo sistema dignamente sancionado por essa prova pessoal. A fixidez de suas próprias convicções assegurava necessariamente a universalidade final dele”) (SPP, II, p. 10).

“Não podendo semelhante harmonia, individual ou coletiva, realizar-se nunca plenamente em uma existência tão complicada como a nossa, esta definição da religião caracteriza, portanto, o tipo imutável para o qual tende cada vez mais o conjunto dos esforços humanos. Nossa felicidade e nosso mérito consistem sobretudo em nos aproximarmos tanto quanto possível dessa unidade, cujo surto gradual constitui a melhor medida do verdadeiro aperfeiçoamento, pessoal ou social. Quanto mais se desenvolvem os diversos atributos humanos, tanto mais importância adquire o concurso habitual deles; este, porém, se tornaria também mais difícil se essa evolução não tendesse espontaneamente a tornar-nos mais disciplináveis”.

“O apreço que sempre se ligou a esse estado sintético devia concentrar a atenção sobre o modo de o instituir. Foi-se assim levado, tomando o meio pelo fim, a transferir o nome de religião ao sistema qualquer das opiniões correspondentes”.

“Por mais inconciliáveis, porém, que pareçam à primeira vista, essas numerosas crenças, o positivismo as combina essencialmente, referindo cada uma ao seu destino temporário e local”.

“ Não existe, no fundo, senão uma única religião, ao mesmo tempo universal e definitiva, para a qual tenderam cada vez mais as sínteses parciais e provisórias, tanto quanto o comportavam as respectivas situações. A esses diversos esforços empíricos sucede agora o desenvolvimento sistemático da unidade humana, cuja constituição direta e completa tornou-se enfim possível graças ao conjunto de nossas preparações espontâneas”.

“É assim que o positivismo dissipa naturalmente o antagonismo mútuo das diferentes religiões anteriores, formando seu domínio próprio do fundo comum a que todas se reportaram de modo instintivo. A sua doutrina não poderia tornar-se universal, se, apesar de seus princípios antiteológicos, o seu espírito relativo não lhe ministrasse necessariamente afinidades essenciais com cada crença capaz de dirigir passageiramente uma porção qualquer da Humanidade".


[editar] Culto
Na Religião da Humanidade se presta culto e adoração à "Trindade Positivista" composta pela "Humanidade" ou "Grande Ser" (entidade coletiva formada pelo conjunto de seres humanos convergentes do passado que contribuíram para o progresso da civilização, do presente e do futuro), pelo "Grande Fetiche" (o planeta Terra com todos os elementos que o compõe: vegetais, animais, água, terra etc.) e pelo "Grande Meio"(o espaço, os astros, o Universo)". Estes três Grandes seres são objetos de culto juntamente com as "leis naturais" que os regem e regulam, compondo assim a "Ordem Universal" que se constitui do conjunto formado pela "Ordem Natural" e pela "Ordem Humana".

O culto positivista muito tem em comum com o culto fetichista, com a diferença que os positivistas sabem que os fetiches não possuem "inteligência", sendo providos apenas de "vontade" e "sentimento" que estão por sua vez regulados e subordinados às "Leis Naturais". O positivistas religiosos acreditam na eternidade e imortalidade subjetiva da alma cultuando os mortos pelo legado que deixaram para a cultura humana: "Os vivos são cada vez mais necessariamente governados pelos mortos".

A Humanidade é definida como o "conjunto de seres humanos convergentes, passados, futuros e presentes" (Catecismo positivista) e é personificada por uma mulher de cerca de 30 anos, com uma criança no colo. Além disso, Comte recomendava que essa mulher tivesse as feições de sua esposa subjetiva e inspiradora Clotilde de Vaux ou o aspecto da Madona Sistina de Rafael.


[editar] Dogma
O dogma da Religião da Humanidade baseia-se na ciência, mas não se resume a ela, pois, mais importante que a instituição científica em si, o que importa para o Positivismo é o espírito positivo. Em rápidas palavras, o espírito caracteriza-se por ser "real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático" (Apelo aos conservadores).

O dogma central no qual está baseada a Religião da Humanidade e a filosofia positivista é a famosa "Lei dos 3 Estados" cujo enunciado é: "Toda concepção humana passa por 3 estados: teológico, metafísico e positivo, em uma velocidade proporcional a generalidade dos fenômenos correspondentes", isto é: todas as concepções do espírito humano desenvolvem-se através de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva.

No estado teológico a imaginação desempenha papel de primeiro plano. Diante da diversidade da natureza, o homem só consegue explicá-­la mediante a crença na intervenção de seres sobrenaturais. O mundo torna-se compreensível através das idéias de deuses e espíritos. O homem, nesse estágio de desenvolvi­mento, acredita ter posse absoluta do conhecimento.

Apresenta-se dividido em quatro períodos sucessivos: o fetichismo (ou "feiticismo", a astrolatria, o politeísmo e o monoteísmo. No fetichismo, uma vida semelhante à do homem, é atribuída aos seres naturais. A astrolatria consiste na adoração dos astros, ou seja, das "estrelas", da Lua e do Sol. O politeísmo esvazia os seres naturais de suas vidas anímicas e atribui a animação desses seres não a si mesmos, mas a outros seres, invisíveis e habitantes de um mundo sobrenatural chamados "deuses". No monoteísmo o homem reúne todas as divindades em uma só.

O estado metafísico é uma transição da teologia (em particular, do monoteísmo) para a positividade; é uma degradação da teologia que propriamente um estado "autônomo", pois concebe "forças", entidades abstratas para explicar os diferentes grupos de fenômenos, em substituição às divindades teológicas, mantendo-se as pesquisas finais e a busca do absoluto. Fala-se em "forças da natureza", "força vital" etc. Em um período posterior, a mentalidade metafísica reuniria todas essas forças numa só a chamada “Natureza”.

O estado positivo, ao contrário das concepções que caracterizam o estado teológico e metafísico, considera impossível a redução dos fenômenos naturais a um só princípio (Deus, natureza ou outro experiência equivalente). A unidade que o conhecimento pode alcançar somente pode ser, assim, inteiramente subjetiva.

Essa unidade do conhecimento não é apenas individual, mas também coletiva; isso faz da filosofia positiva o funda­mento intelectual da fraternidade entre os homens, possibilitando a vida prática em comum. O conhecimento positivo caracteriza-se pela previsibilidade: “ver para prever” é o lema da ciência positiva. A previsibilidade científica permite o desenvolvi­mento da técnica e, assim, o estado positivo corresponde à indústria, no sentido de exploração da natureza pelo homem.

Tomando como base a sinergia cerebral e a superioridade da síntese altruísta, as sete ciências unem-se irrevogavelmente ocupando-se em estudar, celebrar e servir o Grande Ser promovendo a reconciliação entre o coração e o espírito. Base sistemática da fé, a Ciência adquire assim uma santidade superior àquela verificada no estado teológico.

A religião da Humanidade possui dogmas verdadeiramente universais, fundamentados na escala enciclopédica de 7 graus composta pelas seguintes ciências: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia e moral.


[editar] A Moral Positiva
A moral Positiva consiste basicamente em três máximas:

- "Viver para outrem" (predomínio do altruísmo sobre o egoísmo, que é a base da Religião da Humanidade);

- "Viver às claras" (quando se age corretamente, não há necessidade de segredos ou práticas ocultas, aludindo a época em que a sociedade humana alcançará seu estado normal).

Essas máximas regulam a vida privada e pública de cada indivíduo em uma sociedade normal. Na sociedade "normal" os indivíduos colaboram entre si, não havendo necessidade de competição, disputas individuais ou coletivas, em qualquer ambiente ou esfera social. O objetivo da moral positiva consiste em promover a evolução da Ordem gerando o Progresso.


[editar] Regime
O regime da Religião da Humanidade corresponde a sua parte prática e pode ser sintetizado através da aplicação da moral positiva. A moral positiva está baseada na subordinação do homem individual à sociedade, da sociedade local aos interesses da Pátria e desta à Humanidade.

O conjunto da moral torna-se um prolongamento necessário do dogma positivo quando a hierarquia enciclopédica se estende até a ordem individual: a subordinação normal da personalidade à sociabilidade, desta à vitalidade e desta à materialidade.

Nas palavras do próprio Augusto Comte: "Com efeito, a fim de constituir uma harmonia completa e duradoura, é preciso ligar o interior pelo amor e o religar ao exterior pela fé. Tais são, em geral, as participações necessárias do coração e do espírito nesse estado sintético, individual ou coletivo".

“A unidade supõe, antes de tudo, um sentimento ao qual se possam subordinar os nossos vários pendores. Visto que as nossas ações e os nossos pensamentos sendo sempre dirigidos pelos nossos afetos, a harmonia humana ficaria impossível se estes não fossem coordenados sob um instinto preponderante.”

“Mas esta condição interior da unidade não bastaria se a inteligência não nos fizesse reconhecer, fora de nós, uma potencia superior a que a nossa existência deve sempre se submeter, mesmo quando a modifica. É a fim de melhor sofrermos esse império supremo que a nossa harmonia moral, tanto individual como coletiva, se torna sobretudo indispensável. Reciprocamente, essa preponderância do exterior tende a regular o interior, favorecendo o ascendente do instinto mais conciliável com semelhante necessidade. Assim, as duas condições gerais de religião são naturalmente conexas, sobretudo quando a ordem exterior pode tornar-se o objeto do sentimento interior.


[editar] Sacramentos
A Religião da Humanidade apresenta nove sacramentos, todos eles relacionados integrando a vida individual à social:

1) Apresentação: o recém-nascido é admitido na Religião da Humanidade. Neste sacramento os pais e padrinhos comprometem a educar a criança como servidora da Humanidade.

2) Iniciação: é recebido pelos adolescentes e jovens de 15 a 21 anos. O rapaz e a menina são confiados ao Sacerdote da Humanidade, para receberem, gratuitamente do Sacerdote, os ensinamentos teóricos, que por sua vez compreendem:

a) Filosofia Primeira: conjunto das 15 Leis Universais da Fatalidade Suprema ou Destino.

b) Filosofia Segunda: conjunto de todas as leis compreendidas nas sete ciências: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral.

3) Admissão: dos 22 até os 28 anos, os jovens entram em contato com a vida a fim de encontrar sua verdadeira vocação.

4) Destinação (virilidade): dos 29 aos 42 anos. Este sacramento é administrado após a escolha da profissão, em que o Sacerdote o consagra, para que ele exerça a carreira escolhida em nome da Humanidade.

5) Matrimônio: entre os 21 até 28 anos para a mulher e entre 28 até 35 para os homens, como regra geral. A finalidade do matrimônio, segundo a Religião da Humanidade, é o aperfeiçoamento recíproco dos cônjuges e não a procriação. O casamento é eterno e o divórcio é proibido. Os vínculos matrimoniais continuam válidos mesmo após a morte de um dos cônjuges. É a chamada "viuvez eterna".

6) Madureza: desde 43 até 62 anos. Corresponde ao período de plena responsabilidade, no qual os indivíduos devem tratar de cumprir a sua missão, de modo a merecer depois de sua morte a Incorporação na Humanidade.

7) Retiro: dos 63 anos até a morte. Aos 63 anos confere-se ao indivíduo o Sacramento do Retiro, onde este passa então, do trabalho ativo ou passivo tornando-se um conselheiro, auxiliando a sociedade com sua experiência.

8) Transformação: apreciação do conjunto da existência objetiva que se acaba, com o objetivo de registrar as impressões finais daquele que poderá se transformar em uma parcela subjetiva do Grande-Ser. As cerimônias referentes a este Sacramento estendem-se até a inumação (enterro).

9) Incorporação: sete anos depois da morte ou transformação, tem lugar o Sacramento da Incorporação. Este consiste no julgamento da memória do morto. Quando o Morto for considerado Digno de ser Incorporado à Humanidade , seus restos mortais serão conduzidos ao Bosque Sagrado, em sepulturas conjuntas com seus entes queridos. Esse Bosque Sagrado circunda cada Templo da Humanidade.


[editar] O Lema Positivista
A Religião da Humanidade possui como lema religioso a máxima: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim".

O amor deve coordenar o princípio de todas as ações individuais e coletivas. A Ordem consiste na conservação e manutenção de tudo o que é bom, belo e positivo. O progresso é a consequência do desenvolvimento e aperfeiçoamento da Ordem. Assim sendo, do desenvolvimento da Ordem resulta o Progresso individual, moral e social. O lema político "Ordem e Progresso" origina-se do lema religioso e possui como significado "melhorar conservando", isto é, conservar e aperfeiçoar o que é bom e corrigir e eliminar o que é ruim.


[editar] Conclusão
O "poder superior”, que nossos antepassados explicavam pela existência de vontades sobrenaturais, o positivismo demonstra como existindo em um ser não-sobrenatural, mas natural e real, proveniente da solidariedade e da continuidade humanas, na forma de um crescente tesouro de conquistas teóricas e práticas que a espécie acumula, a duras penas, e lega de geração a geração. Subjetivamente podemos sentir a presença de todos aqueles a cujos esforços devemos o estagio do presente. E essa presença subjetiva estende-se para o futuro onde nos vemos e nos sentimos num eterno evoluir regido pela ordem natural. Nas Palavras de Auguste Comte:

"O presente vem do passado e projeta-se para o futuro, essas três existências comuns a todos os seres individuais e coletivos formam o Grande Ser subjetivo que constitui a nossa providência e condensa tudo o que há de belo, verdadeiro e bom".

"A existência do Grande Ser assenta necessariamente sobre a subordinação contínua da população objetiva à dupla população subjetiva. Esta fornece, de uma lado a fonte, de outro o fim, da ação que só aquela exerce diretamente. Trabalhamos sempre para nossos descendentes, mas sob o impulso de nossos ancestrais, de onde derivam ao mesmo tempo os elementos e os procedimentos de todas nossas operações. O principal privilégio de nossa natureza consiste em que cada individualidade perpetua-se aí indiretamente pela existência subjetiva, se seu surto objetivo tiver deixado resultados dignos. Estabelece-se assim, desde a própria origem, a continuidade propriamente dita, a qual nos caracteriza mais do que a simples solidariedade, quando nossos sucessores prosseguem nosso desempenho como nós prolongamos o de nossos predecessores" (SPP, p. 34).


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quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Positivismo de Augusto Comnte

Por Prof. Saul Campos de Meneses (Atleta da Sogipa)

A Humanidade desde a sua origem até os dias de hoje tem obtido um grande
desenvolvimento atravéz da fraternidade entre as pessoas.
Tem contribuido para chegar ao seu atual estágio o progresso da ciência
junto com as várias correntes filosóficas. Somado a isso o trabalho de cada um
de nós, bem como a busca cada vez maior de uma sociedade com liberdade e
igualdade para todos.
Seguindo a filosofia do pensador e inspirador da sociologia Augusto Comnte,
construiremos um mundo cada vez mais justo.

TEMPLO POSITIVISTA DE PORTO ALEGRE

TEMPLO POSITIVISTA DE PORTO ALEGRE
por Bianca Salazzar

No último dia 13 de abril visitei em Porto Alegre, juntamente com a turma do sétimo semestre de História da FACOS, o Templo Positivista. Um prédio para a maioria das pessoas um tanto curioso, que está localizado na Avenida João Pessoa, no. 1058. A construção do prédio é do início do século XX, é um dos quatro templos positivistas do mundo, os outros estão localizados no Rio de Janeiro, Curitiba e na França onde teve seu início. O templo da capital, é um dos dois templos de seguem a arquitetura criada por Comte em seus livros da Catequese Positivista, livro base da Religião da Humanidade.O Positivismo segundo Auguste Comte (1798-1857), fundador da doutrina no século XIX, é um culto de amor e reconhecimento pelos parentes, pelos grandes homens, pelas instituições sociais, pela pátria e pelos antepassados (pois não é à toa que na sua entrada está escrito: “Os vivos são sempre cada vez mais, necessariamente governados pelos mortos”). É um sistema de vida moralizador, um regime sem distinções de classe, cor e raças, de uma vida sem conflitos, tendo como principal interesse o coletivo e não individual e que organizar a vida social pelos moldes científicos. O seu lema fundamental é “O Amor por princípio e a Ordem por base, o Progresso por fim”.O Rio Grande do Sul teve uma grande influência do positivismo na sua política durante 40 anos, com Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros e Getúlio Vargas como presidente do país. O exemplo mais claro do positivismo hoje, é a nossa bandeira, que foi re-estilada por um dos confrades da Proclamação da República, Raimundo Teixeira Mendes, juntamente com o auxilio do artista plástico Décio Vilares (positivista), que trocou o brasão do Império pelo globo celeste com parte dos dizeres do axioma positivista: “Ordem e Progresso”, que significa estabilidade e desenvolvimento. A arquitetura é um outro exemplo do positivismo hoje, muito dos prédios e monumentos da nossa capital foram construídos enquanto essa doutrina governava o estado.O Templo Positivista de Porto Alegre já foi freqüentado por muitos dos políticos gaúchos, que aderiram não só como uma sociologia, mas como uma religião. Em 1912, eles compraram o terreno onde foi construído o Templo que foi terminado somente 16 anos depois. Com o passar dos anos, a Segunda Guerra Mundial aconteceu e com isso muitos dos religiosos se afastaram, fazendo com que a célula positivista riograndense se desintegrasse. Hoje o templo conta com pouco mais de 5 seguidores em todo o estado, que faz com que o positivismo esteja se deteriorando aos poucos e conseqüentemente o prédio que precisa de reparos.O prédio da Avenida João Pessoa é uma verdadeira relíquia do nosso estado, pois este marcou seu lugar na política e na vida dos gaúchos. Além de contar a arquitetura característica de uma época, têm em seu acervo raridades de anos que foram conservados por eles. Não é apenas uma doutrina, e sim patrimônios da humanidade que estão sendo esquecidos por aqueles que se dizem valorizar a memória de um estado e de um país.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Moysés Westphalen, um grande positivista

Por Cézar Westphalen

Moyses Westphalen, lutou bravamente até os últimos dias de sua vida. Na universidade estabeleceu Ecologia como disciplina acadêmica e fez profundas evoluções no ensino da Química agrícola. Ele criou o Projeto Ecológico Águas doces – Lagoa Mirim e Lagoa dos Patos. Autorizado pela SPI, fiscalizou as usurpações nas terras dos índios e a intromissão nas civilizações fetichistas. Fez denúncias públicas pelo jornal Correio do Povo até os últimos dias de vida. Traduziu marteriais inéditos e raríssimos até mesmo na França, referentes a doutrina Fetichista – dois volumes. . Indignava-se com a intromissão tirana do homem branco na unidade social fetichista. Através do estudo minucioso sobre a teoria científica do fetichismo, e da sociologia positiva, somado com a observação empírica que apanhou durante o convívio com os índios desde a infância , transformou-o no maior especialista do Brasil referente a mentalidade indígena. Foi convidado por Paulo Melro, chefe da SUDESUL, em 1971, para reorganizar as diretrizes do Estatuto do Índio. Ele traduziu materiais inéditos referentes à Teoria Fetichista de Augunto Comte. Segundo Carlos Torres Gonçalves, chefe da Comissão de Terras do governo Júlio de Castilhos, junto com meu bisavô, deixou esse registro:
_" Só o Moisés conhece "cabeça de índio". É o maior conhecedor da doutrina fetichista. Ele sabe explicar o índio e interpretar sua alma. Coloca-se no lugar do indígena – para saber pensar como ele: é o único homem capaz de compreendê-lo plenamente. É o único capaz de instituir quais são suas reais necessidades."
Meu avô foi o último religioso positivista do Rio Grande do Sul. Foi guardião da capela positivista até seus últimos dias, todos os domingos. Depois ia para a primeira cidade da humanidade – o cemitério, demonstrar sua veneração aos mortos a ao processo de civilização. Esse elo subjetivo que permite a continuidade social. Todos citados também eram. Tinham encontros semanais e registros nos anais da capela. Sobre os mortos e a unidade social, cito as palavras de meu avo, que faleceu em 1997.
"A intervenção direta do indivíduo desaparece com a morte, mas a memória dos feitos, opiniões e sentimentos, prolonga a sua existência subjetiva, assegurando o progresso social. Assim se transmitem através das gerações as conquistas úteis e convergentes, morais intelectuais e práticas, alcançadas no passado e no presente, e se estabelece a continuidade social. Este elo subjetivo liga os indivíduos as gerações seguintes e permite conceber a Humanidade como Ente Supremo, perceptível e eterno, representado pelos principais seres humanos convergentes, que constantemente nos melhora, guia e sustenta."
"Em qualquer estágio de civilização, a existência humana consiste sempre no estado de plena harmonia social. A solidariedade social funda-se nos laços afetivos das famílias afins, sob o princípio da cooperação. Os sentimentos, pensamentos e atos convergentes instituem a unidade social e em tal preponderância, que não há unidade pessoal sem unidade social. O progresso humano corresponde ao aperfeiçoamento de nossa unidade. Assim, a unidade humana só pode ser conhecida através de um suficiente exercício coletivo. O sentimento é o motor supremo da existência humana. Sob, inspirações dos sentimentos, desenvolvemos a atividade e a inteligência, que, por sua vez, provocam reações afetivas, o aperfeiçoamento moral. O amor, é assim, o princípio e o destino do desenvolvimento humano. A inteligência deve assessorar a atividade para servir o sentimento."

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Positivismo

Positivismo é um conceito que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. Do seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na primeira metade do século XIX até o seu apogeu e crise no século XX, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do austríaco Hans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados.
Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte.